quarta-feira, 12 de maio de 2010

HENRI PAUL HYACINTHE WALLON - VIDA E OBRA - BREVE HISTÓRICO

"O indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma necessidade interna."


Nascido em 1879, tem o decorrer de sua vida marcado pela intensa atividade acadêmica e política e um forte interesse e comprometimento com a educação.
Henri Wallon, cursou a Escola Normal Superior em 1899, onde já se preocupava com questões políticas e públicas, tendo se tornado professor de Filosofia em 1903.
Em 1908, formou-se Médico, e atuou em hospitais psiquiátricos, buscando entender a organização biológica do homem, onde optou pela união da Medicina com a Psicologia, a Neurologia, a Filosofia e também a Educação.
Foi preso por duas vezes: em 1908, por contestar a violência do estado contra plantadores de uvas que reivindicavam seus direitos e em 1983 por apoiar o movimento dos trabalhadores, junto a outros democratas.
Após estudar o caso de um soldado, vítima da guerra, que após seu regresso para casa apresentava crises de pânico, Wallon escreveu o livro “As origens do caráter na criança”, que abordava o comportamento emocional das pessoas recém-nascidas até a fase adulta.
Wallon foi um importante ativista marxista, e filiou-se ao partido socialista em 1931.
Durante a Segunda Guerra Mundial foi perseguido pela Gestapo, precisando viver na clandestinidade.
Esteve no Brasil em 1935, tendo como cicerone o sociólogo Gilberto Freyre
Na década de 40, Wallon também foi eleito deputado no Parlamento francês, tendo realizado neste período a maior parte de sua produção acadêmica e apresentado obras com uma linguagem do materialismo histórico, com mescla de sua análise política e linguagem médica para a interpretação das relações sociais e emocionais dos sujeitos e concebia o homem como um ser “biologicamente social”
Escreveu diversos artigos voltados para a formação do professor e a análise das interações em sala de aula e após a segunda Guerra Mundial, como integrante de uma comissão nomeada pelo Ministério da Educação Nacional da França, redigiu juntamente com o físico Langenvin, o famoso: “Projeto Langenvin-Wallon”, que apresentava uma proposta de reforma de todo o sistema educacional francês, cujas idéias também estão expostas no livro “Psicologia e pedagogia”.
O Plano Langenvin-Wallon propunha uma formação integral para as professoras que desejassem atuar no magistério e lhes previa bolsas de estudo, tentado assim democratizar a educação para favorecer ao máximo as potencialidades dos sujeitos e investimentos na educação.
Wallon faleceu em 1962, aos 83 anos, em Paris.

O desenvolvimento da consciência

Henri Wallon define o desenvolvimento psíquico como um processo assistemático e contínuo em que a criança oscila entre a afetividade e a consciência, envolvendo fatores tais como: ritmos variados, alterações marcadas por conflitos e instabilidades, indicando que ao longo do processo de desenvolvimento os aspectos emocionais e cognitivos se alternam, mas não trabalham de forma isolada, ou seja o desenvolvimento torna-se-ia sinônimo de identificar-se em oposição ao mundo exterior.
O desenvolvimento da consciência ocorreria, para Wallon, por uma sucessão de estágios que seguiriam um conjunto de determinações provenientes do próprio sujeito e de seu meio.

Estágio impulsivo-emocional (do nascimento a 1 ano) - predominantemente afetivo, dividido em dois momentos:
impulsividade motora (0 a 3 meses) – predomínio da necessidade de exploração do próprio corpo. O bebê é guiado por funções fisiológicas: respiração, alimentação e sono, não sendo capaz de diferenciar-se no ambiente e possui uma relação simbiótica muito forte com a mãe.
emocional (3 meses a 1 ano) – experimenta o universo ao seu redor, passando da desordem gestual para às emoções diferenciadas.

Estágio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos) – fase da descoberta do mundo externo, tendo como principais características, o andar e o falar.

 Estágio do personalismo (3 a 6 anos) – período crucial para a formação da personalidade e da auto-consciência, caracterizado por Wallon como a “crise do eu”, e tem como característica a auto-afirmação da criança que opõe-se sistematicamente ao adulto. Em contrapartida, também se verifica uma fase de imitação motora e social.

Estágio categorial (6 a 11 anos) – sucedido por um período de acentuada predominância da inteligência sobre as emoções (cognição), o que permite à criança uma organização mental do mundo físico. Neste período a criança procura entender no plano intelectual, o que é obscuro, confuso e sem distinções. Fase do início da escolarização.

Estágio da puberdade e da adolescência (11 anos em diante) – estágio caracterizadamente afetivo, onde o indivíduo passa por uma série de conflitos internos e externos. Os grandes marcos deste estágio são: a busca de auto-afirmação e o desenvolvimento da sexualidade. Caracterizado também pela capacidade de domínio das categorias abstratas, com a dimensão temporal tomando espaço, possibilitando uma mais abrangente análise de sua autonomia e de sua dependência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Empresa Folha da Manhã S.A., 1996
Encarte das edições de domingo da Folha de S. Paulo de março a dezembro de 1996.

Grande Enciclopédia Barsa – 3ª ed. – São Paulo: Barsa Planeta Internacional Ltda., 2004