quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO INCLUSIVA - DEFICIÊNCIA VISUAL – o processo de alfabetização

A Educação Inclusiva possui merecida importância, uma vez que fomenta questões que vão do direito subjetivo ao cenário sócio-cultural. O processo de alfabetização de crianças cegas necessita de atenção especial no campo educacional, através de estudos e metodologias - a teoria a serviço da prática.

A educação especial é uma modalidade a ser oferecida em todos os níveis de ensino.

A LDBEN 9394/96, cita : 

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. 

Quando a Educação Especial é assim colocada refere-se ao atendimento educacional especializado, ou seja, instrumentos necessários à eliminação das barreiras que as pessoas com deficiência tem para relacionar-se como o ambiente externo. Esses instrumentos não podem substituir a educação que deve ser oferecida nas escolas . Ainda que se entenda que a substituição é possível, a escola ou sala então denominada de “especial” deve observar todos os requisitos constitucionais já citados e o encaminhamento para ela deve dar-se unicamente por opção da própria pessoa portadora de deficiência ou seu responsável, jamais por imposição da escola dita “regular”, sob pena de se incorrer em discriminação, conforme definido na Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência. 

Segundo Robert Barth, professor de Havard (1990, p. 514-515)

As diferenças representam grandes oportunidades de aprendizado. As diferenças oferecem um recurso grátis, abundante e renovável... o que é importante nas pessoas – e nas escolas – é o que é diferente, não o que é igual. 

O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. 

A falta de visão desperta curiosidade, interesse, inquietações e, não raro, provoca grande impacto no ambiente escolar, indiferente da etapa ou nível escolar em que o sujeito esteja inserido. 

Como ferramenta de grande eficiência e amparo aos cegos, o Braille é um sistema de leitura tátil que leva o nome de seu inventor Louis Braille e que permite uma forma de escrita eminentemente prática, satisfazendo o desejo de comunicação dos mesmos e que abre caminhos do conhecimento literário, científico e musical. 

Levando em conta todos esses fatores e para que o aprendizado seja completo e significativo para a criança cega, é importante levar ainda em consideração uma série de fatores, independentemente da idade em que a mesma comece a freqüentar a escola e do tipo de programa no qual esteja matriculada, além de que o aprendizado requer uma metodologia multifacetada.

Pra início de conversa, faz-se necessário, evidenciar que o professor alfabetizador deve ter uma formação diversificada e de base sólida, para que compreenda e se insira verdadeiramente nas engrenagens do trabalho. Desenvolver sensibilidade é de suma importância para a percepção do processo evolutivo do alfabetizando, e a escola por sua vez, deverá dispor de várias opções de materiais didáticos-pedagógicos para o apoio ao trabalho docente. 

De acordo com Martin & Bueno:

A criança deve contar com a aplicação de estratégias ou técnicas específicas para a estimulação visual, orientação e mobilidade, bem como para leitura, escrita e cálculos com materiais específicos e adaptados às suas limitações e, sobretudo, deverá contar com uma intervenção precoce iniciada o mais cedo possível, seja em casa ou na escola. 

Para que se obtenha sucesso, diante do processo de construção da alfabetização, é preciso que a criança cega passe por uma estimulação visual onde “aprenderá a ver” através de diferentes tarefas cognitivas e sensoriais, tais como: 

tomar consciência de seus diferentes sentidos; 
preparação para formas;
discriminação e reconhecimento de diferentes relevos; 
memória e organização “visual”.
estímulos musicais e sonoros. 

Estes e outros conceitos tais como os de cores e formas além de amparar o processo, favorecem para o desenvolvimento da formulação de “idéias” visuais necessárias ao processo de aprendizagem do alfabetizando. 

Do ponto de vista de saúde mental não há problemas que diferenciam a criança cega das demais. Ele é apenas cega, pode ser alfabetizada, crescer, ser atuante na sociedade, e possui tantos direitos quanto qualquer outro, o que impõe à Escola o compromisso de produzir uma nova cultura, voltada a compreensão de capacidades expressivas que não tinham sido previstas e de realizar ações humanistas, acolhendo o outro, despida de preconceitos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 

Estratégias do ensino de alfabetização - disponível em: http://proavirtualg28.pbworks.com/w/page/18670719/ESTRAT%C3%89GIAS-DO-ENSINO-DE-ALFABETIZA%C3%87%C3%83O – acesso em 11/02/2011 

Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade/coordenadora –geral: Lucia Helena Lodi – Brasília: Secretaria especial dos Direitos Humanos: Ministério da Educação, SEIF, SEMTEC, SEED, 2003, p. 13 à 32 

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – 9394/96 – disponível em http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf - acesso em 10/02/2011 

PUCMINAS, Núcleo de Apoio à Inclusão do Aluno com Necessidades Especiais da PUC – Minas. A inclusão do aluno com necessidades educacionais na PUC- Minas (Folheto) – p. 52 à 53

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