sexta-feira, 11 de março de 2011

ANTROPOLOGIA CULTURAL - ESCRAVIDÃO E CONTEXTO BRASILEIRO


"A pluralidade cultural brasileira pode ser resumida na busca pela cidadania dentro de uma sociedade multiétnica e pluricultural, caracterísiticas do Brasil. Devido a heterogeneidade de sua população o Brasil, desconhece a si mesmo. Contra esse processo, é necessário reconhecer as diferenças e a realidade histórica do processo de formação de nosso povo. Esse é o caminho mais curto para superar o racismo, a discriminação e o verdadeiro alicerce na construção de uma grande nação."

O destino das pessoas escravizadas em nosso País, foi muito variado e classificado em categorias, principalmente de acordo com o seu local de nascimento e poder de comunicação. 

Além dos nativos das terras brasileiras, chamados pelos europeus de índios ou indígenas, escravizados para suprir as necessidades de mão-de-obra da empresa colonial, no século XVI, negros africanos, foram trazidos a força para trabalhar nas lavouras como escravos. Desembarcaram no Brasil negros de diferentes nações africanas. Traziam conhecimentos agrícolas e outros - como trabalhar o bronze, o cobre, o ouro e a madeira. Havia também, entre eles, muitos tecelões, ferreiros e artesãos. 

O entendimento do processo de colonização de nossa terra reveste-se de maior importância ao constatarmos que problemas existentes desde seu início permanecem até hoje, sem solução. Trazemos, arraigados a nossa cultura, importantes heranças da África: a culinária, a capoeira, religiões, linguagens, músicas, danças, instrumentos musicais, que encontram-se inseridas em nosso cotidiano, transformando efetivamente a história do povo africano em parte da história do Brasil. 

Ainda na entrada do século XXI, terceiro milênio da chamada Era Cristã, a situação da maioria dos brasileiros continua muito semelhante àquela do dia 13 de maio de 1888. Não lhes foi assegurado o acesso à terra, nem qualquer tipo específico de assistência social ou econômica. Esses, constituem a maioria dos brasileiros que não tem educação formal e que não são sequer alfabetizados, não dispondo de qualquer formação técnico-profissonal, que lhes permita ascensão social, porém são cidadãos brasileiros, do ponto de vista político e têm direito ao voto. 

Em fins do século XIX e por todo o século XX, ocorreram grandes migrações internas, contando com elevada participação de afro-brasileiros e todas essas migrações – provocadas por fenômenos naturais ou circunstâncias socioeconômicas – foram realizadas em planejamento e, por esse motivo, os migrantes para as áreas rurais tiveram limitado acesso à posse da terra, enquanto que os que migraram para as cidades mantiveram-se como trabalhadores não-qualificados, recebendo baixos salários e sem acesso a habitação digna, serviços básicos de saúde, educação, higiene e segurança. 

Do ponto de vista das leis e convenções internacionais hoje em vigor, a escravidão pode ser considerada extinta no mundo, com exceção de uns poucos países. Na prática, porém em várias partes do mundo e até mesmo no Brasil, são constatadas situações em que as pessoas são reduzidas a condição análoga à de escravos. 

Tornar-se escravo significa não ter os direitos hoje considerados fundamentais para a vida humana com dignidade, isto é, não dispor de vida própria, do seu corpo, dos seus bens, da possibilidade de ir e vir por livre vontade, de não poder escolher a pessoa com quem constituirá família e nem sequer à prática da religião em que se crê. 

Segundo Mangolim, e Sangiacomo:

Os problemas oriundos de nosso tipo de formação inicial permanecem e exigem solução histórica. Não apenas os relacionados com a forma de apropriação da terra, baseada no latifúndio, mas também com a questão de classe envolvida no caso do racismo brasileiro. A necessidade de se tratar desta questão não como a questão central, como querem algumas entidades do movimento negro contemporâneo, mas também não como mera questão específica, como fazem os partidos e membros da esquerda brasileira é condição imprescindível para que se possa avançar num projeto diferenciado para o Brasil. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 

BENJAMIN, Roberto – A África está em nós: história e cultura afro-brasileira – João pessoa, PB – Editora Grafset, 2004 - pág 134 e 135 

MANGOLIM, César de Barros / SANGIACOMO, Gláucia – As causas da escravidão colonial e suas conseqüências: traços fundamentais e notas críticas aos desafios atuais – disponível em: http://cesarmangolin.files.wordpress.com/2010/02/mangolin-as-causas-da-escravidao-colonial-e-suas-consequencias-2003.pdf - acesso em 03/02/1011 

MARGARIDA, Rosa de Carvalho Rocha – Almanaque Pedagógico Afrobrasileiro – Editora Mazza – prefácio e apresentação 

NOVA ESCOLA, edição especial, Parâmetros Curriculares Nacionais – fáceis de entender, ed. Abril , p. 15 e 16

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