A História é feita de versões. Um mesmo acontecimento pode ser contado de mil formas diferentes. Tomemos um acidente de trânsito como exemplo. O fato: um carro atropela um pedestre que atravessava a rua sobre a faixa de segurança. A versão do motorista: o pedestre atravessou com o semáforo vermelho, ignorando, ainda, seus sinais de farol e buzina. A versão do pedestre: o semáforo estava verde, o carro corria muito e o motorista não buzinou. Como apurar as causas reais do acidente e determinar quem está falando a verdade? Uma ideia é convocar testemunhas para relatar o que viram. Outras evidências também podem ser coletadas. Assim, haverá mais elementos do que as duas versões díspares e contraditórias. A disciplina de História trabalha de forma muito semelhantes juntando as mais diversas fontes para compor um fato histórico. Às vezes, existem múltiplas referências sobre um mesmo episódio. Em outro momento, ao contrário, sobrevive apenas uma versão. Tempos depois, alguma descoberta pode dar uma nova visão sobre o fato e gerar u,a reinterpretação dos acontecimentos históricos. Ter consciência de que a História não é estática nem feita de verdades absolutas é essencial para o professor e para a formação do aluno. Senão, corremos o risco de cristalizar imagens como a dos índios “bons selvagens” ou a de presos políticos da ditadura considerados “agitadores antipatriotas”.
Construir opinião própria é um dos objetivos da disciplina. O debate de idéias e o modo como elas são expressas mostram quanto os alunos estão dominando os estudos. O professor deve incentivar o jovem a ter iniciativa e autonomia na realização de trabalhos individuais e coletivos e a fazer uso de diversas fontes históricas em suas pesquisas escolares. Entre os objetivos a ser alcançados pelos estudantes ao final do quarto ciclo, os PCN’s citam: localizar acontecimentos no tempo, refletir sobre o impacto produzido por revoluções tecnológicas, conhecer características do processo de formação e dinâmicas dos Estados nacionais, identificar lutas sociais, guerras e revoluções, reconhecer formas de relações de poder e utilizar conceito para explicar relações sociais, econômicas e políticas.
As relações de poder sempre regeram a humanidade. Para o quarto ciclo, os PCN’s propõem o eixo temático “Histórias das Representações e das Relações de Poder”. Da mesma forma que ocorre no terceiro ciclo, a proposta desse eixo destina-se a sensibilizar os alunos para estudos do passado e suas relações coma a atualidade.
A disciplina de História é um convite para a utilização de diversos instrumentos além da tradicional dupla giz e quadro-negro. Veja algumas situações didáticas propostas para o professor:
▪ desenvolver atividades com diferentes fontes de informação (jornais, revistas, livros, filmes, fotografias);
▪ trabalhar com documentos variados, como sítios arqueológicos, plantas urbanas, mapas, vestimentas, objetos cerimoniais e rituais;
▪ estimular procedimentos de pesquisa, organização das informações coletadas, procedimentos para visitas e estudos do meio;
▪ promover estudos sobre modos de vida e de costumes que convivem na mesma localidade;
▪ debater questões do cotidiano e suas relações com contextos mais amplos;
▪ identificar diferentes posições defendidas por grupos e instituições para solução de problemas sociais e econômicos;
▪ distinguir os padrões de medidas de tempo e construir periodizações para os temas;
▪ solicitar resumos orais ou em forma de textos, imagens, gráficos, linhas de tempo;
▪ propor a criação de murais, exposições e estimular a criatividade expressiva.
FONTE:
NOVA ESCOLA, edição especial, Parâmetros Curriculares Nacionais – fáceis de entender, ed. Abril , p. 43 à 48
Muito bom o artigo estou escrevendo um projeto pra FAPEAM e esse texto me ajudou muito
ResponderExcluirGostei bastante do texto! De maneira simples e clara tornou compreensível a importancia dos PCN
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