O ambiente não se apresenta de forma fragmentar, mas sim como um único e complexo sistema que sustenta todas as formas de vida, desde as mais simples até as mais complexas, como o ser humano. Compreender a complexidade do ecossistema requer uma forma diferente de enxergar o mundo. A fragmentação do conhecimento que a educação formal utiliza através das disciplinas como biologia, geografia, história e outras não dá conta das interfaces existentes no mundo real. Para que possamos entender e interagir com o ambiente é necessário “transcender” as disciplinas e desenvolver uma visão sistêmica e holística. A transversalidade é uma “forma de enxergar o mundo”, entendendo as relações existentes entre os elementos da natureza e a vida.
A transversalidade nos oferece um modelo, uma vez que opera na perspectiva de construção do conhecimento contextualizado, baseado no cotidiano do indivíduo, por onde transitam a ética, saúde, cultura e sexualidade. Considerar, pois, a educação ambiental como eixo integrador do conjunto dos temas transversais possibilita resgatar o indivíduo na sua valoração humana, revelando, como afirma o prof. Hugo Werneck, “a estreita e indissolúvel ligação entre os seres vivos e as fontes de vida.
Um trabalho pedagógico interdisciplinar é capaz de trazer à luz da razão o entendimento e a possibilidade entre o progresso da técnica e da ciência e a construção dos valores essenciais como a solidariedade, a parceria e a partilha, o bem comum, a delicadeza, o bom senso, tudo aquilo capaz de levar o indivíduo a se formar cidadão responsável e participativo. E, a despeito de seu papel no modelo econômico, político e social, fazer a ponte com a sacralidade da vida, resultando numa ação maior de transversalidade. O salto transdisciplinar capacita o indivíduo a interpretar o mundo e agir sobre ele a partir de ações conscientes e qualificadas, reconhecendo a interdependência fundamental de todos os fenômenos, e que somos parte de processos cíclicos da natureza e deles dependentes.
Ocorre que a transversalidade é uma forma inovadora de trabalhar o conhecimento com que poucos estão acostumados a lidar. Segundo Piaget, um ensino que procura desenvolver a inteligência deverá priorizar as atividades do sujeito, considerando-o inserido numa situação social.
Hoje, as intensas e constantes mudanças de paradigmas do mundo contemporâneo impulsionam e exigem dos sujeitos da educação, em especial, a implementação e estratégias que conduzam a comunidade a se mobilizar e se inserir em processos democráticos de transformação de uso de recursos naturais e sociais.
A transversalidade, para que se torne uma prática, necessita de solidariedade e cooperação entre os professores, o envolvimento e a participação de todos os setores e segmentos da escola e inclusive da comunidade de seu entorno, do apoio das estruturas administrativas internas e externas na área da educação e de outros setores. Portanto, podemos afirmar que o desafio da transversalidade requer dos órgãos de educação, estaduais e municipais, um esforço para que se efetive, na prática, a construção de um processo pedagógico que possibilite a inserção das escolas e dos professores no mundo real.
O Projeto Manuelzão defende uma visão sistêmica da educação, comprometida com o exercício da cidadania através de ações voltadas para a criação de ambientes ecologicamente e socialmente sustentáveis, comprometidos com a qualidade de vida do homem e de toda a biodiversidade.
FONTE:
Gestão e Agenda Ambiental Escolar: Bacia do Rio das Velhas / Marcus Vinícius Polignano... [et al]. - Belo Horizonte: [s.n.], 2004 (Belo Horizonte: SEGRAC), p. 18 e 19
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